Apanhamento
Residência Kaaysá, Boiçucanga, SP, Brazil, 2021
Auto falantes, sistema de amplificação, conchas, terra projeção
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Speakers, amplification system, shells, sand, projection
Texto curatorial de Bianca Bernardo:
Apanhamento é uma obra da artista Luisa Lemgruber desenvolvida durante o programa de residência Quem Somos Agora, que recebeu minha orientação curatorial entre os meses de setembro e dezembro de 2020.
Em suas pesquisas artísticas, Luisa investiga as sutilezas e fragilidades das paisagens sócio-ambientais, em relação às dinâmicas de transformação impostas pela dominação e exploração dos territórios e da expansão urbana.
Mergulhada nos processos de desaparecimento dos sambaquis no litoral brasileiro, a artista identificou pesquisas que deflagram registros dos desmontes a partir do século 16. Os santuários foram consumidos pelo início da colonização como matéria-prima abundante para a produção de cal e emprego na construção civil das edificações e vilas. Já o segundo período de devastação dos sambaquis agravou-se com o plano moderno de abertura de estradas e rodovias e o consequente crescimento desordenado e gentrificação das cidades litorâneas a partir da década de 1960.
Apanhamento é uma palavra que significa simultaneamente recolher, levantar do chão, mas também adquirir, agarrar e roubar. Luisa apresenta os conflitos e as contradições dos projetos civilizatórios revelando os grandes impactos de devastação desde o desaparecimento das culturas dos povos originários. A instalação é construída por conchas coletadas pela própria artista, amontoadas no chão com um conjunto de pequenos alto-falantes que agem no processo de erosão da obra através de vibrações sonoras constantes que variam entre 3Hz a 40Hz. O ambiente se completa com a projeção de um vídeo-performance no qual a artista manuseia as mesmas conchas, em movimentos de formação e deformação de empilhamento.
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Apanhamento is a work by the artist Luisa Lemgruber developed during the residency program Quem Somos Agora, which received my curatorial guidance between the months of September and December 2020. In her artistic research, Luisa investigates the subtleties and weaknesses of socio-environmental landscapes, in relation to the dynamics of transformation imposed by the domination and exploration of territories and urban expansion. Immersed in the processes of disappearance of sambaquis on the Brazilian coast, the artist identified researches that trigger records of dismantling from the 16th century onwards. Sanctuaries were consumed by the beginning of colonization as an abundant raw material for the production of lime and employment in the civil construction of buildings and towns. The second period of devastation of the sambaquis worsened with the modern plan to open roads and highways and the consequent disorderly growth and gentrification of coastal cities from the 1960s. Catch is a word that simultaneously means to collect, to lift off the ground, but also to acquire, to grab and to steal. Luisa presents the conflicts and contradictions of civilization projects, revealing the great impacts of devastation since the disappearance of the cultures of the original peoples. The installation is built by shells collected by the artist herself, huddled on the floor with a set of small speakers that act in the process of erosion of the work through constant sound vibrations ranging from 3Hz to 40Hz. The environment is completed with the projection of a video-performance in which the artist handles the same shells, in formation movements and stacking deformation.





